Com o processo de um novo partido político feito por
militares e com a possível candidatura de Joaquim Barbosa como presidente da
república nas próximas eleições, o clima esquentou de vez. Com isso, a
temperatura ficou alta entra as relações do Palácio do Planalto e a cúpula do
Exército brasileiro.
Sem que a presidente Dilma Rousseff fosse consultada,
o Exército decidiu da proteção a Joaquim Barbosa, destacando seus melhores e
mais preparados oficiais da inteligência para dar proteção diuturna ao ministro
Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão do PT (Ação Penal 470).
Ao criar o esquema que dá garantia de vida a Joaquim
Barbosa, que tem ojeriza a esse tipo de situação, o Exército, que se valeu de
militares cedidos à Agência Brasileira de Inteligência, acabou passando por
cima da Presidência da República, do Ministério da Justiça e da cúpula da
Polícia Federal, que por questões óbvias não foram consultados, mas a quem, por
dever de ofício, caberia a decisão.
Outros dois ministros do Supremo, Ricardo Lewandowski
e José Antônio Dias Toffolli, reconhecidamente ligados ao Partido dos
Trabalhadores e a alguns dos seus mais altos dirigentes, também contam com
escolta, mas da Polícia Federal. O esquema criado para o ministro-relator não
se limite à proteção física, mas inclui também monitoramento constante de
ambientes e do sistema telefônico utilizado pelo magistrado.
A tensão entre Dilma e a caserna pode aumentar ainda
mais com o Mensalão. Já era enorme por causa da Comissão da Verdade que tomou a
decisão fora da lei de perseguir os agentes do Estado acusados de cometer
crimes apenas na Era pós-1964. Apoiada por Dilma, a CV quebrou um acordo
firmado com os militares, costurado quando Nelson Jobim era ministro da Defesa,
de que os crimes de sequestro, terrorismo e assassinato cometidos pelos
militantes de esquerda também seriam investigados.
Alguns Generais já se sentem traídos por Dilma. Mas se
a traição vai gerar consequências institucionais é um desdobramento
imprevisível. A cúpula militar na ativa é publicamente contrária a qualquer
virada de mesa. Se os Generais pensam, sinceramente, da mesma forma, na
intimidade, são outros quinhentos batalhões. Dilma e seus radicalóides estão
provocando a onça com varinha curta.
Além disso, com o próprio Ministério da Defesa, a
cúpula militar nunca se sentiu satisfeita por ficar simbolicamente subordinada
ao ministro Celso Amorim que tem como assessor-especial José Genoíno –
ex-guerrilheiro da luta armada pós-64 e com grandes chances de ser condenado no
processo do Mensalão em que o agora protegido Joaquim Barbosa brilha como
“grande herói” da República. Na ironia, os militares sõ não têm mais bronca de
Genoíno porque alegam que ele entregou, sem qualquer tortura, todos os seus
companheiros na Guerrilha do Araguaia...
Indo de uma cachorrice a outra cachorrada, a
inteligência militar teme que a petralhada arme ilegalidades para obstruir o
julgamento do Mensalão. A mais previsível já se tornou pública e, se acontecer,
pode ser a senha para a abertura da portinha do vácuo institucional: que o novo
ministro do STF, Teori Zavascki, indicado pelo ex-marido de Dilma Rousseff,
tome posse e cometa a imprudência de pedir vistas do processo de mais de 50 mil
páginas do Mensalão. Se tal manobra embromatória for adotada, para atrasar o
resultado final do julgamento em até seis meses, nem Deus sabe o que poderá
acontecer...
A leitura de nossa conjuntura atual é bem simples e
roceira. A vaca já está no brejo. Se o Boi vai também... Aí são outros R$ 350
milhões de reais desviados e divididos pelos bandidos no esquema do Mensalão.
Na avaliação mais tímida da comunidade de informações – que protege Barbosa e
também vigia, cuidadosamente, todos os prováveis condenados na Ação Penal 470
-, o ex-presidente Lula da Silva teria pelo menos 35 milhões de motivos
concretos para se preocupar – e muito – com as consequências de ter tantos
companheiros e parceiros vendo o sol nascer quadrado...
Enquanto o mito Lula pode se desmantelar entre os
segmentos esclarecidos (ou entre os menos ignorantes), o mito de Joaquim
Barbosa começa a ser construído e lapidado. Resta aguardar para saber quem será
beneficiado com a demolição de um e a edificação de outro. Enquanto isto, os
militares verde-oliva nada falam... Mas prestam muita atenção...
Ficamos agora olhando e aguardando o desfecho.
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